terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Luto

Hoje termina o luto, aquele de direito do trabalho, pela lei. Porque no coração vai se estender por mais um tempo. Meu pai fez a passagem no dia 3 de janeiro, dois dias antes do seu aniversário de 81 anos. Assim, de repente, não sabemos exatamente o que aconteceu. O fato é que ele descansou, se libertou daquela prisão em seu próprio corpo, deitado e sem poder andar há quase 12 anos... É difícil pensar que há uma semana ele estava lá, aparentemente bem, eu lhe dando seu almoço na boca, seu lanche de domingo, dizendo pra ele que tinha que beber água porque idosos desidratam mais facilmente, assim eram nossos domingos desde que minha mãe ficou sem condições de cuidar dele. Acho que eu era a única pessoa que passava manteiga de cacau nos seus lábios quando ressecados, porque ele puxava a pele e se feria... ahh, é tão triste, mas também há um certo alívio pensar que aquele sofrimento finalmente acabou. 
Meu pai. Trabalhador, provedor, família, amigo, íntegro, presente. Seus pecados, desconheço. E é melhor assim. O meu pai, como pai foi exemplar. E agora fica a saudade e as lembranças. Mas meu pai está livre agora, na eternidade. Gosto de pensar nele andando e até correndo como uma vez me contou ter sonhado. Então anda, pai, corre, com muita luz na sua eternidade de liberdade. #amoreterno