segunda-feira, 31 de maio de 2021

Cheiro

Desde que eu conheço o Celso ele é cheiroso. Gosta de perfume. Eu posso fechar os olhos e sentir seu cheiro bom. A lembrança de encostar meu rosto em seu peito... Até hoje é assim. Por que lembrei disso? Lembrei, simplesmente. E é como se eu estivesse sentindo seu cheiro agora. 

domingo, 30 de maio de 2021

14º dia de isolamento

Cheguei ao 14º dia desde que senti os primeiros sintomas da covid, que pelos estudos médicos é o tempo necessário para ficar em isolamento e não contaminar outros. Eu realmente estou bem melhor agora. É estranho como essa doença tira nossa energia, nos deixa frágeis e psicologicamente abalados. É de uma sensação horrível.
Eu tive sorte. Meus sintomas foram leves. Apesar de ter me sentido bastante amedrontada em alguns momentos, passei bem por este período. 
Irei acrescentar mais 4 dias a esse isolamento para depois retornar a minha rotina diária, voltar ao trabalho na escola e principalmente voltar a ver meus pais e dar-lhes a assistência que precisam. Espero que fique tudo bem.

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Sintomas estranhos

Eu não sei explicar, mas meus sintomas da covid estão sendo leves, graças a Deus. Estou hoje no 12º dia desde os primeiros sintomas. A médica me deu 10 dias de isolamento após diagnóstico positivo, que aconteceu 4 dias depois do início dos sintomas. E é estranho, uma hora você se sente bem e noutra hora você já não tá tão bem assim. Aí sente uma certa falta de ar, rola uma ansiedade e fica a dúvida se é a doença ou a ansiedade te sacaneando. E o medo que paira o tempo todo de que, sei lá, de repente você piorar? É na verdade um grande terror psicológico. Um drama ruim e que não gostaria que ninguém vivesse. Eu já sou uma pessoa preguiçosamente devagar. Então as vezes fico sem saber se, nesse estado, o incômodo que sinto é um dos sintomas ou se sou eu mesma na minha mesmice. São sentimentos nada agradáveis. Fico imaginando os que sofrem com sintomas de mais complicação. Meu Deus, é ruim demais. 
Nesse tempo, até aqui, eu tive dois momentos mais angustiantes, que me deu muito medo. No meu 7º dia do ciclo, eu fiquei bem agoniada, me sentindo sem ar, e minha filha que me deu suporte pra me acalmar. Ficamos até às 4h da manhã na varanda, até me sentir melhor e conseguir deitar e dormir. E no meu 9º dia, quando tive sensações de muita tontura, uma dormência na cabeça, que me fez ir ao hospital pra ver se alguma coisa estava acontecendo de mais grave. Pensei em baixa saturação, que poderia complicar meu quadro. Mas foi só um susto. Eu estava bem, segundo o médico. Mas foi bem assustador. 
Agora estou melhor, mas ainda com sensações esquisitas que vêm e vão. Não vejo a hora disso passar e me sentir estável outra vez.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Defesa

Há tempos percebi que o meu mecanismo de defesa é dormir. Quando algo me afeta de forma a abalar minhas estruturas, me deixando triste, acuada, com medo, com dor ou assustada, meu corpo enfraquece, sinto minha energia esvair, e sinto sono. É como se minha pressão caísse de repente. Já percebi inúmeras vezes isso acontecer em momentos frágeis da minha vida. E eu logo identifiquei como o mecanismo de defesa que é ligado em mim para eu não sentir com mais intensidade o incômodo que é gerado pelo desgaste advindo. Às vezes eu me pergunto se isso não seria um passo para um possível quadro de depressão... não sei. Espero que não.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Covid

Fui diagnosticada com covid ontem pela manhã. Não dá pra ter certeza, mas é provável que eu que tenha sido contaminada através do meu irmão que também foi diagnosticado há sete dias. Estivemos todos juntos no dia das mães, antes dele sentir os primeiros sintomas. Agora, não sei como fica, mas a ansiedade sempre metendo o pé na porta.
Ele está bem, com sintomas leves, graças a Deus. E eu comecei a sentir algo esquisito há quatro dias. Mas estava bem e não achei que fosse covid. Não achei mesmo, até anteontem a noite perceber que perdi o olfato. Aí vi que tinha que fazer o exame, que deu positivo.
Eu tô bem. Relativamente bem. Sentindo umas coisas esquisitas nos seios da face, sensação de congestão nasal, de nariz entupido. A garganta também falhando, arranhando. Estranho. Mas estou bem. Esperando que assim permaneça, e que eu consiga passar bem por esse momento que tanto aflige o mundo todo. 
Pra piorar toda essa situação, e jogar a ansiedade mais pro alto ainda e causar uma tristeza doída, soube pelo Celso, que seu sobrinho mais velho, de trinta e sete anos, faleceu de covid, no fim da tarde de hoje. Estava internado em estado gravíssimo. É muito difícil essa realidade de tantas mortes, tanto sofrimento, de famílias devastadas todo dia.
Deus me abençoe e também abençoe o mundo inteiro. Jesus, eu confio em vós!

terça-feira, 18 de maio de 2021

À deriva

Tô com o nariz entupido. Dor de cabeça, eu venho sentindo desde que tomei a primeira dose da vacina pra covid, coincidência ou não. Meu corpo tem ficado dolorido, mas isso, de vez em quando acontece. Acho que é o colchão. Ou a falta de exercícios físicos. Ou os dois. Às vezes sinto um pouco de falta de ar, mas acho que é ansiedade. Anda a mil nos últimos tempos. Tô com uma tossezinha chata, como um pigarro. Garganta incomodando. 
No mais, estou triste. E cansada de chorar. Eu e Celso, mais uma vez, à deriva. Até quando?

domingo, 16 de maio de 2021

Não quero mais chorar

Não quero mais chorar. Tô cansada de chorar. Dá pra suportar dor sem chorar? Se der, que seja assim. Dor sem lágrimas. É possível se emocionar sem chorar? Se for possível, que seja assim. Emoção sem lágrimas. Eu sou uma chorona. Me emociono fácil. Minhas lágrimas vêm fácil e eu não quero mais chorar. Eu me sinto tão frágil e cansada quando choro. Não quero mais chorar.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

Falar e falar e falar

Eu tenho muita necessidade de falar as coisas, de pôr pra fora o que sinto. Não só as coisas boas do dia a dia, mas principalmente as coisas que me desagradam, que ficam presas em mim, que me incomodam. Coisas que eu sei que nem vou conseguir resolver, mas que grita em mim ter que botar pra fora. É minha forma de desabafo, de me esvaziar de cargas pesadas, de me sentir melhor. Ainda que nada mude. O problema é ter alguém pra me ouvir. Não conheço ninguém que queira ouvir as mesmas coisas toda hora, repetidas vezes a mesma coisa. Ninguém tem essa tolerância. 
Como vivo só eu e minha filha, e o Celso que está mais perto também, são eles os que mais "escutam" o meu falar e falar e falar. Mas eles não têm a paciência que eu preciso. Não entendem que é só desabafo, que não precisam responder ou tentar me dar soluções. Que é só me ouvir, estar ali. Se soubessem o bem que isso me traz, de como esse esvaziar é me dá forças pra continuar lidando com o que é difícil pra mim... É assim que eu fico pronta pra inflar mais uma vez, até precisar me esvaziar novamente. 
Mas eu entendo. Ouvir sempre a mesma lenga-lenga é muito chato. E eu sinto muito por isso... já tentei parar, me calar. Não consegui. Desculpem-me. Falar é o que me salva.

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Eu teria?

O Celso é o grande amor da minha vida. Às vezes eu acho que faria tudo por ele e às vezes acho que não. Mas por ser o grande amor da minha vida eu teria mesmo que fazer tudo por ele? Tudo é tanta coisa... Não sou perfeita. E se não sou perfeita, não dá pra viver esse sentimento com perfeição. Não, não dá. São erros e acertos, dores e alegrias, raiva e amor. Mas eu sei que tenho mais amor. Ele é um cara de sorte.

domingo, 2 de maio de 2021

Pânico

Minha cabeça tá doendo, mas não é qualquer dor de cabeça. É dor de cabeça de pura tensão, de preocupação, de confusão mental, de medo, de ansiedade, de não saber o que fazer.
Eu tô me sentindo como se estivesse num poço, tendo muita dificuldade para sair, escorregando pro fundo cada vez que pareço estar chegando no topo, sentindo mais medo e aflição. 
Os problemas de saúde da minha mãe parecem estar piorando a cada dia. E eu tô vendo a hora que ela não vai mais conseguir andar e ficar na cama. Eu tô apavorada em imaginar como vai ser isso. Meu pai acamado, minha mãe acamada. Se alguém lá atrás tivesse dito para mim, um dia, que assim seria o futuro idoso dos meus pais, eu não acreditaria. Não os dois juntos, pelo menos. Pela vitalidade que minha mãe sempre teve, pela disposição que ela sempre mostrou, por aparentar nunca deixar se abater com dificuldades... Mas a doença, ela é cruel. Ela não vê cara, não vê coração, não vê caráter, não vê histórias. 
Eu tô em pânico. Eu não tô sabendo lidar com meus pensamentos e sentimentos diante disso tudo. E eu temo pela minha saúde mental. Pedi a Deus que até possa me esgotar fisicamente, mas que poupe a minha saúde mental. Nunca me senti tão frágil, tão assustada. E tão sozinha.