Desordem

Olha só que coisa. Hoje acordei as 13 horas!!! Dormi demais. Tudo bem, não é novidade pra ninguém que adoro dormir bastante, mas acordar as 13??? Pôxa, exagerei.
Depois, na sala, sentei no sofá e fiquei a olhar um ponto qualquer, um olhar sem brilho, sem pensar em nada... senti um desânimo, um não saber o que fazer em relação a tudo o que estou passando e sentindo.
Uma letargia.
Preocupações.
São tantas que a cabeça já nem processa mais direito, pois já sabe do que se trata.
Mas não demora muito e logo vem tudo outra vez, se instalando pra ficar.
Contas a pagar, falta de dinheiro, minha casa suja, ombro ferrado, coluna ferrada, corpo doído, Leo, Ingrid,  Celso... e eu mesma... (que no caso, já nem me aprofundo muito mais)
Quando será que vou conseguir pôr tudo em ordem outra vez?

Engasgo

Já tive tanta facilidade pra desabafar, falar, botar pra fora o que me oprimia... Já fui tantas vezes frágil aos olhos dos outros, digna de pena mesmo. Tanto sofrimento, tanta coisa ruim... cuspia pra fora, vomitava mesmo. Mas só fazia isso. E tudo continuava como sempre. Não tomava nenhuma atitude pra mudar minha vida. E com isso, com o tempo, fui percebendo o quanto me tornava uma chata com a mesma lenga-lenga a que impunha aos meus ouvintes. Coitados. Então me calei. E agora simplesmente não consigo mais me expor. Me esvaziar. As palavras não saem mais da minha boca com a facilidade que saia antes. Ficam engasgadas. Presas na garganta. Sufocantes. Dolorosamente sufocantes.

Só contemplando...

Triste

Estou triste.
Estou sensível.
E ninguém entende.
Nem eu.

Sabedoria

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

Fernando Pessoa