sábado, 30 de dezembro de 2023

Nada

Acordei. Senti o corpo cansado e doído. E veio o sentimento de angústia. E eu pensei no meu nada. Há tempos não tenho animação, força, tesão. Não tenho vontade de nada. 
Esse ano vivi perdas. Perdas que ao longo de toda minha vida não tinham me machucado tanto. Perdi um primo muito próximo, com 50 anos, de infarto; perdi minha mãe que já vinha doente e cada vez mais numa condição muito difícil; perdi minha cachorra Menah, minha companheirinha, meu docinho, com 8 anos, e não sei o que aconteceu. Estava bem e se foi subitamente, muito cedo. 
Esse também foi um ano de muitas idas a médicos e de vários exames realizados, depois que comecei a sentir tonturas e sensações de flutuação ao caminhar, coisas estranhas com meu corpo e sentidos. Graças a Deus nada grave foi diagnosticado. Confesso que tive medo das respostas. Falam muito da vacina da COVID, de suas reações e consequências, a longo e até curto prazo... Será? Não sei. Na verdade, me recuso a acreditar nisso. Mas ainda sinto coisas esquisitas, as tonturas, vertigens, sensação de morte iminente. Como se eu fosse ter um mal súbito. Sinto medo nesses momentos. E fico esperando ver o que vai acontecer, tentando controlar minha respiração e o pânico que bate.
Os exames não deram nada que justificassem meus sintomas. Mas vivemos tempos de ansiedade. E ansiedade também causa esses sintomas. Será ansiedade, então? Também estou na pré menopausa - há tempos e fui diagnosticada com adenomiose uns anos atrás - que também pode ser responsável pelas coisas que venho sentindo, pois a redução da produção dos hormônios femininos causam muitos danos. Será pré menopausa, então? Eu não sei. Mas já estou colocando nessa conta. Enquanto não for diagnosticada com algo sério, que justifique meus sintomas, enquanto eu não tiver um mal súbito (que Deus me proteja!), eu vou pôr na conta dessa minha longa pré menopausa, responsável por tantos danos na saúde da mulher. 
Esse foi um ano tenso pra mim. Não consegui ter leveza, vivi sentimentos angustiantes. Agora, espero que ao término desse ciclo que já já se encerra, eu possa sentir a leveza da vida que não senti. Ter boas esperanças. Viver melhor. Me surpreender. Me superar.

terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Natal diferente

Foi a primeira vez que meu Natal foi sem meus pais. No ano passado foi sem o meu pai e, esse ano, sem a minha mãe. Nos meus quase 55 anos de vida, esse foi meu primeiro Natal que passo sem os dois. E também, depois de muitos anos, foi o primeiro em que não me desgastei com as tantas coisas pra fazer. Foi até estranho. Fui pra casa do Celso e passamos a noite com minha cunhada, Célia. Depois chegaram duas amigas. Eu fiz algumas coisas pra ceia, mas nada que me esgotasse como nos outros anos. Foi um Natal diferente, mas nem tanto em relação ao marasmo. Existem ceias de Natal animadas e outras nem tanto. E as "nem tanto" sempre foram as minhas. Minha filha foi pra Pernambuco e meu filho ficou em Brasília mesmo. O tempo passa e muita coisa vai mudando. Quando nos damos conta, vemos e nos sentimos diferentes. A maturidade traz experiências e reflexões... Grata eu sou por ter chegado até aqui, por estar viva e bem. Mas espero que o próximo Natal seja mais feliz. Que eu me sinta feliz.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

Velhice

Uma coisa que eu nunca pensei tanto foi sobre a minha velhice. Agora penso sempre. E confesso que tem me assombrado a idéia de envelhecer doente, ficar dando trabalho e sentindo dores, incapaz das menores coisas. Depender de outro(s). Tenho pensado muito nisso. E fico triste com os pensamentos. Sinto angústia. Vi meus pais que envelheceram doentes. Não sabemos como vamos chegar lá. Nem quando. Com que idade somos velhos? Estou perto de fazer 55 anos. E ao mesmo tempo que não me acho velha, também me sinto velha, envelhecendo cada vez mais rápido. É estranho. Principalmente porque tenho vertigens, tonturas que já me acompanham há um tempo, coisas esquisitas que me dão medo. Fui a médicos durante quase todo esse ano: otorrino, cardio, neuro, gastro, nutri, gineco, endócrino, pneumo, faço terapia. E fiz vários exames. Descobri pólipos que foram retirados. Dizem que está tudo bem, mas não me sinto bem. A ansiedade toma conta. Aliás, quem hoje em dia não tem crises de ansiedade? Parece uma epidemia. É muito doido tudo isso. Uma angústia, uma pressão no peito, uma tristeza que bate, medos...

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Irmãos

"Ter um irmão é ter a melhor parte da infância guardada em outro coração."

Essa frase me fez pensar na minha infância com meus irmãos e na infância dos meus filhos. Infâncias vividas diferentes. Ou eu esqueci de muita coisa ou não tive com meus irmãos, a interação que vi meus filhos terem na infância entre si, e que existe até hoje. Não levando em consideração os defeitos que cada um tem, que leva a brigas e mágoas, e que também faz parte. Mas eu não tenho lembrança de uma infância de amizade entre mim e meus irmãos, de amor, de proteção, de ciúmes. Lembro de brincadeiras, de algumas brigas. Lembro muito das muitas e grandes surras que nossa mãe dava na gente. Éramos crianças sendo crianças com uma mãe que não tinha muita paciência ou que aprendeu que também tinha que bater pra educar, porque ela contava que apanhou muito também da minha avó. Sei lá.. Mas nós não tivemos uma infância ruim, não. Mas não lembro de afeto entre nós. Essas coisas de amor, carinho, de sentimentos, não se esquece. Eu não esqueceria. Ou esqueceria? Não, acho que não. Se bem que eu sempre fui muito desligada, e talvez não tivesse percebido enquanto crescia, as coisas que aconteciam, até mesmo esses sentimentos. Pensando agora, me sinto estranha, por tanta coisa que não prestei atenção. 
Hoje sinto falta dessa afetividade entre irmãos. Eu sou a mais velha. Com meu irmão do meio me sinto sem jeito. Tenho mais proximidade com o caçula. Mas não temos intimidade de irmãos, nunca senti que tivemos. Nós damos bem , mas sem essa característica. Queria ter.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Menah, meu amorzinho

Domingo, anteontem, minha neném se foi. De repente. Minha filhinha de quatro patas estava com oito anos e sete meses. Se foi cedo. Nunca esperei que acontecesse dela ir tão cedo. Ainda elétrica, brincalhona, cheia de energia, rabugenta... Talvez eu não tenha observado os sinais. Ela corria, pulava, brincava com a irmã, Ruby, se provocavam. Mas agora me lembro que em repouso já se mostrava mais sonolenta, eu via que estava envelhecendo. Mas como saber até onde vão? Estava bem. Aparentemente bem. 
Fica a saudade, a dor dessa perda repentina. Já tá fazendo tanta falta... sua recepção quando chegávamos da rua... sua companhia... a azaração na minha comida na hora das refeições... o pulo para o nosso colo sem aviso, seu cantinho quente. Éramos dela. 
Ah, se soubesse que você iria logo, teria te oferecido mais o meu colo, te faria mais chamego, te abraçaria e te beijaria mais... Mas tanto amor e carinho nunca te faltaram, meu anjo. Você foi muito amada, minha neném, minha rainha, minha magrela. Dói muito não te ter mais conosco. Nosso colo tá vazio agora. As lembranças, ainda doídas por sua falta. Mas sei que serão amenizadas com o tempo, que essa dor vai passar e que ficarão só lembranças e saudade desse amor e do tempo que vivemos juntas. Meu amorzinho, eu te amo.