Nova realidade

Vou dizer, não sei mais o que pensar. Depois de uma semana angustiante, ontem ele apareceu. Eu pensei que isso pudesse acontecer, mas também pensei que ele pudesse não vir, afinal no sábado passado ele não veio porque disse que não tava bem por problemas com o filho. Eu posso até entender, mas é que já tô tão cansada de entender... eu não sei mais se eu entendo. Eu não quero mais entender!

Ele veio, foi bom e eu fico contente quando ele tá junto de mim, mas ao mesmo tempo me angustia sentir que a nossa relação não está mais como antes, que não moramos mais juntos. A gente deixou de viver sob o mesmo teto pra voltar a ser namorados de fins de semana. Minha cabeça não tá conseguindo atinar bem essa nova realidade. Tem momentos que eu até acho bom não estarmos juntos, e tem outros que eu acho péssimo. É bastante torturante e eu não sei explicar o que que eu tô sentindo exatamente. A gente fica junto, a gente conversa, a gente ri, a gente namora, a gente transa, a gente se desentende, fica mal, é irônico um com o outro, se estressa... Às vezes eu acho que saboto nossa relação justamente porque eu não tô conseguindo elaborar essa nossa nova realidade. No fundo eu tô com medo. Medo de que tudo o que vivi e senti no passado volte a me atormentar, com aquela ex-mulher dele adentrando novamente pelas nossas vidas, uma vez que ele voltou a morar sozinho, na sua casa, onde ela sempre teve liberdade de ir e vir, entrar e sair. Isso tá me consumindo. 

Pacote JaquelineECelso

Eu tenho um problema que é me apegar demais aos sentimentos que crio com os homens com as quais me relacionei ao longo da minha vida. Foi assim com meus grandes amores, e também com minhas paixonites. 

O mais longo foi esse, com Celso. Acredito que seja porque nunca tenhamos de fato terminado nosso relacionamento, e todas as vezes que a gente se desentendia, de alguma forma continuávamos perto um do outro, e assim acabávamos reatando. 

Nosso relacionamento foi furado todo esse tempo, e eu acho que insisti movida por isso que falei, apego. Já senti admiração, surpresa, curiosidade, paixão, excitação, tesão, ciúme, decepção, tristeza, raiva, compaixão, preocupação, alegria, amor, frustração, desamparo, medo, solidão, confusão, esperança e desesperança. Tudo nesse grande pacote de nome JaquelineECelso. O que mais tenho?

Noites traiçoeiras

"E ainda se vier noite traiçoeira, se a cruz pesada for, Cristo estará contigo. O mundo pode até fazer você chorar, mas deus te quer sorrindo."

Eu acordei com essa música na cabeça. Minhas noites não têm sido fáceis. Eu voltei a ficar triste quando me vejo sozinha na cama quando me deito para dormir. Me sinto só, me sinto desamparada. Tudo de novo. E pra piorar, essa noite não tive bons sonhos, então acordei angustiada. Não quero voltar a sentir tudo que já senti por tanto tempo. Não é justo. Eu não quero mais. Eu tô cansada. Tô me sentindo frágil e tá doído. Eu preciso renascer.

Desculpa

Acho que já não tenho mais o que fazer. Foram mais de 20 anos tentando, tentando... Eu quis ser feliz e fazer feliz a pessoa que mais dei importância na minha vida. Até mais que eu mesma. E hoje me envergonho de ter feito isso comigo. Perdi muita coisa. Perdi tempo. Perdi vida. Perdi amor próprio. 

Eu não sei do futuro. Mas eu sonhei com um futuro. Sonhei com o futuro, mas fiquei presa no passado, nas dificuldades e tristezas que encontrei no caminho. 

Não fui sábia. Não fui forte.

Ontem quando deitei pra dormir, no escuro do meu quarto, eu pedi desculpas pro infinito. 

Desculpa. 

Pedi desculpas pra Deus. Nada mais. 

Desculpa.

Vivemos esperando

Vivemos esperando o dia em que seremos melhores. Melhores no amor. Melhores na dor. Melhores em tudo.

Chorar equilibra as emoções

Eu li em algum lugar que o choro é, na verdade, uma maneira de equilibrar as emoções. E que os chorões geralmente lidam melhor com frustrações e tristezas...

Sei lá, mas eu não tô achando que, com tudo o que tenho chorado (mais até) nos últimos tempos, eu tô sabendo lidar com minhas frustrações e tristezas, não. Na verdade, ando me sentindo mais emocionalmente descontrolada que nunca.

Não amava ninguém

Alice amava Paulo, que amava Joana, que amava Pedro, que amava Ana, que amava Luiz, que amava Olívia, que amava Artur, que não amava ninguém.

Presença

Noutros tempos eu iria na casa do Celso fazer uma visita de surpresa, sem saber se ele ia gostar ou não, mas eu faria. Movida pela minha paixão pela vontade de ficar perto e com ele, eu faria. Mas hoje eu não tenho mais esse ímpeto, essa vontade como já senti tantas vezes em tempos passados. Tantas coisas mudaram ao longo dos anos.

Ele tá passando por uma situação bem ruim, tá abalado emocionalmente por problemas na relação dele com o filho, expectativas criadas com o filho voltando a morar com ele e frustradas tão rapidamente... e dessa vez mais difíceis. Mas eu não quero falar disso agora, um outro dia talvez, quem sabe? São problemas onde eu tenho a minha opinião de quem viu e ouviu muita coisa ao longo de 20 anos e ele tem o seu sentimento de culpa. Por mais que eu compreenda a tristeza dele, dessa vez não sinto vontade de me aproximar muito. Talvez seja bom ele ficar sozinho por um tempo, sem que eu imponha minha presença. Hoje eu consigo ficar afastada. Mas se ele vier, quiser a minha presença, assim estarei. 

Psi 1

Hoje eu vou a uma consulta com uma psicóloga. A minha expectativa é grande, mas ao mesmo tempo eu tô bem preocupada. É estranho pensar assim, porque sempre rola um desconforto quando se vai a um psicólogo. Mas não é desse desconforto de ir simplesmente que eu tô falando, é uma coisa mais complexa, que eu nem sei explicar direito.

Olha a ironia. Eu sou psicóloga formada, ainda que nunca tenha atuado na área, sei dos princípios, de como funciona a engrenagem e ainda assim me sinto perdida nesse momento. Faz tempo que eu percebo que eu preciso ir ao psicólogo, mas sempre fui deixando pra depois, principalmente por falta de grana e também por falta de jeito. E o jeito a que me refiro é na minha postura, queria estar mais centrada ao que eu precisava eu preciso. Há tempos ando muito sem controle das minhas emoções e isso me faz chorar muito fácil, o que ao meu ver vai atrapalhar a minha narrativa, o que eu preciso dizer, expor. Eu não quero ficar chorando nas minhas consultas. Eu quero poder falar e o choro vai fazer com que eu não consiga falar o que preciso e isso me incomoda. Eu sei que isso é meio doido, afinal psicólogo é pra isso mesmo, pra te ajudar a alcançar um lugar de equilíbrio, um caminho, te ajudar a se reestruturar, se reencontrar, se entender, se aceitar. Mas veja só... nesse momento, só em escrever, minhas lágrimas vêm, a emoção toma conta de mim só porque estou falando sobre isso. Não tem como não criar expectativas. Eu já devia estar fazendo terapia há muito, muito tempo, mas realmente muitas coisas me levaram a chegar até aqui sem essa ajuda que sempre senti precisar. 

Que momento é esse?

Que momento é esse que eu tô vivendo e sentindo? Que momento é esse que eu tô me sentindo out, fora de mim? Ou será que é o contrário e eu estou, na verdade, dentro de mim? 

emoção X frieza

Eu me emociono tão fácil com tantas coisas e ao mesmo tempo eu me acho muitas vezes tão fria, tão sem noção com algumas coisas que acontecem além de mim... Será que é porque eu sou desligada? Eu sempre fui muito desligada das coisas que acontecem ao meu redor. E eu tava pensando aqui... seria isso que acontece comigo, um egoísmo meu? Uma falha de caráter? Eu sei que eu não sou uma pessoa má. Eu não tenho a maldade dentro de mim. Eu sei que não. Mas basta não ser má?