quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Fim de férias

Hoje é o meu último dia de férias. Amanhã estarei de volta ao trabalho. Eu gosto do que faço, sempre gostei. E modéstia à parte, faço muito bem. Sou comprometida com meu trabalho e procuro sempre ajudar as pessoas que precisam dele. Sinto falta dos meus afazeres. Não gosto é das conversas paralelas, que as vezes se transformam em grupão onde se fala de tudo, trabalho, política, fofocas... Já participei junto, hoje não tenho mais paciência. É um querendo falar mais que o outro, sobrepondo as vozes, cheios de achismos ou de certezas. Me afasto, na verdade eu nem me aproximo muito quando começam. Não quero saber. Depois, se for o caso, pergunto se era algo do trabalho, algo importante. Eu sei que estou me afastando, que perdi muito da vontade de estar mais junto, de incentivar encontros e festinhas. Eu sempre estive junto, a frente desses movimentos. E gostava. Mas cansei. Não ando numa fase muito boa. Espero que amanhã tudo seja tranquilo.

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Cinquenta e nove

Eu queria te dizer coisas bonitas, especialmente hoje que é o dia do seu aniversário. Aí, de repente, eu comecei a lembrar da gente lá no nosso começo... quando você me deu uma fita cassete com canções de cantores como Flávio Venturini, Djavan, Geraldo Azevedo, Paulo Ricardo... músicas românticas. Lembro que você me ligava, eu trabalhando, e quando atendia o telefone e dizia alô, você não falava nada, só colocava música para eu ouvir... Fez isso algumas vezes, e eu ficava toda emocionada e feliz, meus olhos marejados. Lembro da gente dançando na sala, juntinhos, ao som de uma dessas canções. Pra essa inveterada romântica aqui, você me fez muito feliz nesses momentos. Lembro de tudo e ainda com muita emoção. Ah, tenho a fita cassete até hoje, guardada, quase 23 anos depois... O tempo passa. Tantas coisas vividas e sentidas, e cá estamos nós. Nós dois. Eu e você. Você e eu. E sinto que assim sempre será. Até o fim. Feliz aniversário, meu amor. Eu te amo.

sábado, 27 de agosto de 2022

Bad

Que droga, às vezes bate uma bad... Eu, definitivamente, tenho uma vida muito insossa, sempre sozinha... Minha filha quando tá em casa fica dentro do quarto e quando tento que a gente possa ficar juntas um pouco, tomar um café, almoçar, conversar, ela sempre tá assistindo uma série ou jogando vídeo game ou conversando com alguém ao telefone ou dormindo ou... qualquer outra coisa, com certeza bem mais interessantes pra ela do que aturar uma mãe chata, sem graça e solitária. É, nossos interesses são diferentes. Fica difícil conciliar. E assim, vou seguindo sozinha, às vezes com um nó por dentro. Não a culpo de jeito nenhum. Eu só lamento.

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Sempre ao seu lado

Já passei foi perrengue esses quase vinte e três anos com Celso. Esse blog está cheio de história da gente juntos, sentimentos confusos e muitas mágoas sobre a nossa relação ao longo desses anos todos. Aqui eu desabafei muito. Mas apesar de tudo, eu ainda sinto no meu coração uma vontade enorme de ajudá-lo. Queria tanto poder fazer alguma coisa para ele se sentir ativo, vivo, produtivo, feliz. Nada dá certo pra ele. E eu sinto tanto por isso. Já o ajudei muito, e sei que continuaria fazendo mais se pudesse e se ele deixasse, mas se sente constrangido e muitas vezes, derrotado. Seria essa a sua sina? Uma vida difícil, que não o faz chegar a um lugar estável e seguro? Ele tem muitos defeitos, mas sua maior qualidade é ser do bem. Uma pessoa boa, que ajuda a todos e que se pudesse faria muito por muita gente que precisa. Super prestativo, inquieto em fazer as coisas acontecerem, construir, e que não suporta o ócio. Ah, como eu queria que ele tivesse mais sorte nessa vida. Me preocupo tanto com ele. Queria fazer alguma coisa pra vê-lo feliz e em paz. Queria ver a sua sorte mudar e se estabilizar. E se depender de mim, farei sempre o que puder, estarei sempre ao seu lado. Independente de tudo o que já passamos e das nossas divergências. Eu estarei sempre ao seu lado.

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Ser grata

Eu preciso aprender a ser mais agradecida. Os últimos anos da minha vida tem sido bem difíceis. E acho que eu ainda dificultei mais a minha condição. Fui muito passiva durante muito tempo, aceitando tudo sem reclamar, sem contestar, não entendendo a gravidade dessa passividade, aonde isso poderia me levar. Não sabia e ainda não sei dizer não. Não consigo, me fere. E não resolve nada. E continuo ferida. Não que eu quisesse ter sido uma pessoa explosiva, brigona, que tudo contesta ou que nunca levasse desaforo para casa. Esse nem é o meu perfil, minha personalidade. Só que eu levei tudo, tudo pra casa, pior, pra dentro de mim, me entupindo de tanta coisa, por anos acumulados. E hoje tudo aflora, salta, sem controle, de forma que eu não tô conseguindo travar, filtrar. E isso está me fazendo muito mal, tanto quanto antes, quando eu simplesmente guardava tudo pra mim. Sei que não tive equilíbrio. E continuo sem equilíbrio.
Reconheço que tenho sido reclamona, e mal agradecida nos últimos tempos, e parece um vício reclamar tanto, até eu já não me aguento. Mas está muito difícil mudar, parar com esse "mal", e eu tenho urgência de mudança. Só não tô sabendo ter esse controle. Quando acho que posso fazer, de repente me vejo na mesma. E é frustrante e bastante penoso viver assim. Preciso agradecer mais. Tenho tanto, sei que tenho. Preciso agradecer e não reclamar tanto, ainda que eu sinta pesada as minhas demandas, preciso ser mais grata. Tenho muito, sei que tenho. Preciso agradecer mais do que reclamar.

sábado, 20 de agosto de 2022

Fase adulta

Estou passando uma fase difícil e por isso, eu sumi. A fase adulta. Acho que um tempo depois dela ter começado, aos poucos, eu comecei a sumir. Desculpem, mas essa fase é muito difícil e eu não soube encarar. Então, sumi. Sumi de mim, sumi. Caso, um dia, eu consiga superá-la, eu volto. Eu prometo que volto.

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

Cabeça branquinha

Vejo os velhinhos por aí, de cabeça branquinha, rostos enrugados, sorriso nos lábios, apesar das agruras que a idade traz..  e fico pensando se realmente o nosso destino já vem traçado. Queria tanto que a minha mãe chegasse nessa fase velhinha, de cabeça branquinha, e apesar da fragilidade que a idade nos impõe, com um sorrisão nos lábios e com disposição de vida, caminhando, vivendo com dignidade. Queria que ela fosse mais longe no tempo com saúde e ainda alguma independência... mas cada um é cada um. Deve ter um porquê uns irem tão longe e aparente bem, enquanto outros não têm a mesma condição.  

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Equilíbrio

Eu preciso de equilíbrio urgente! Eu preciso manter a calma, se não eu vou ter um colapso nervoso. Eu não sei o que fazer, eu não consigo ter calma, eu não consigo ver e sentir com equilíbrio a situação da minha mãe, dos meus irmãos que não parecem ter a mesma preocupação que eu tenho com a sua saúde, com a sua fragilidade, com as suas necessidades. Eu me esgoto nas minhas atitudes porque eu quero que ela esteja bem, confortável, sem possibilidade de mais riscos com a sua integridade física, porque fica sozinha, porque é teimosa, porque cai, bate a cabeça, se machuca. Eu tenho dúvidas se a mente dela ainda está íntegra, se a sua capacidade de entendimento das coisas, dos riscos, dos perigos, se ainda estão lá. Ou se muita coisa já tá confusa, ou se é teimosia, ou se é desleixo, ou se tanto faz porque perdeu a vontade de viver. Eu já não sei mais o que pensar. Eu não tô bem e não sei o que fazer pra não me perder. Porque eu estou perdida, me acabando aos poucos, e numa intensidade que está me assustando. Tenho medo de sucumbir e não ter tempo de voltar pra mim. Eu não sou mais tão jovem e cheia energia assim. Eu não quero cair torta de repente, não quero dar trabalho como estou tendo. É muito duro. E meus filhos não merecem, ninguém merece. Eu preciso encontrar um equilíbrio pelo bem do meu corpo, mas principalmente pelo bem da minha sanidade mental. 

domingo, 14 de agosto de 2022

Domingo solitário

Solitária. Assim foi como me senti nesse domingo, dia dos pais. Primeiro dia dos pais sem meu pai.
Ele partiu em janeiro, depois de quase 12 anos preso numa cama - alcançou a liberdade, finalmente. E de repente me vi sozinha. Nosso almoço de domingo dos pais, com nosso pai, terminou.
Meus irmãos se voltaram para seus filhos, com suas famílias. Minha filha foi almoçar com seu pai, como todo ano. Meu filho, longe, vive em outro Estado. Meu marido foi almoçar com os irmãos - o pai deles também já não está mais entre nós. E eu até iria junto, mas o dia era dos pais e alguém tinha que ficar com a nossa mãe. E assim ficamos, só eu e minha mãe. Ela, debilitada, estava um pouco mais nesse dia. Me senti muito só. Um domingo solitário. Um domingo estranho.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Casca

Um dia eu achei que fosse forte. Eu realmente achei que eu fosse uma pessoa forte. Não sei se na verdade nunca fui, ou se perdi as forças com o passar do tempo, com o cansaço, com o desânimo e com a desesperança que tomou conta de mim. Minha vida é tão sem graça... acho que sempre foi. Eu é que nunca havia parado pra perceber ou dar importância pra isso. O que eu vivia e o que eu fazia me satisfazia. Não me incomodava. Ou eu achava que me satisfazia. Acho que, no meu mundinho, eu vivi à margem das coisas que aconteciam, das duras realidades do cotidiano, não percebendo as malícias do mundo, as maldades das pessoas. Se por um lado isso me protegeu por muito tempo, hoje sinto que pago por ter sido tão desligada e desatenta. Tão ingênua e tão boba, eu não criei casca para minha proteção. Hoje eu me sinto descoberta, exposta e frágil. Atrapalhada, sem saber o que fazer ou como fazer. Inexperiente nos traquejos da vida. Eu, hoje, aos 53 anos, me sinto perdida. Sozinha. Desamparada. 

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Voltas e mais voltas

A vida dá tantas voltas... Num constante movimento, nunca para.  E acho que a gente nasce sonhando. Cresce sonhando, envelhece sonhando... Assim como o tempo não para, os sonhos também não param.
Quando que a gente iria imaginar que dos tantos sonhos sonhados, muitas vezes acordado, a vida que a gente leva nos levaria para lugares inimagináveis. A vida adulta é tão complexa. De nuances, às vezes sutis, às vezes gritantes. De situações que a gente nunca pensou viver. Chegamos a lugares inóspitos. Lugares que, acredito, eram pra gente chegar. Que fazem parte da nossa jornada. Se vamos entendê-los algum dia nessa vida, eu não sei, mas é a vida que vivemos. É a vida que fazemos. 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Insônia

O telefone atrapalha muito quem tem insônia. Você pensa que vai distrair porque tá sem sono, mas no fundo acaba sendo pior. Estou eu aqui de novo, sem sono, no telefone, pensando: eu tenho que dormir, preciso dormir, descansar o corpo e a mente... provavelmente, mais a mente. Ando estressada, cansada, mas isso não é novidade. Há quanto tempo digo isso mesmo? 
São 1h25 da madruga e eu só penso que preciso dormir. A cabeça tá vazia e tá cheia ao mesmo tempo. Escuto a Rubi latindo lá fora ..
Eu preciso dormir.

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

Susto

Eu tô começando a achar que tô perdendo o foco de alguns coisas... Não sei se é estresse, não sei se é alguma coisa cognitiva, sei lá... Algumas doenças começam a dar seus primeiros sinais anos antes de serem diagnosticadas. Eu li sobre isso e confesso que fiquei pensativa. 
Hoje ao levar o lixo pra rua, minha cachorra Rubi saiu logo atrás de mim, eu não vi. Entrei e fechei o portão. Algo em torno de meia hora depois, a campanhia toca. Abro o portão, e quem eu vejo balançando o rabo e com a língua de fora? Rubi. Tava na rua. Meu primo, que estava soltando pipa, tocou pra me avisar que ela estava há um tempão ali fora, querendo entrar. Que viu quando ela saiu e foi pra atrás de um carro estacionado. Por isso não a vi quando entrei. Ele achou que tinha deixado ela na rua de propósito. E pra piorar a situação, não sei porquê e sem perceber eu tranquei o portão, coisa que não faço durante o dia. Tentaram colocar ela pra dentro, mas o portão estava trancado. Levei um susto danado! Meu primo disse que ela ficou o tempo todo por ali mesmo, mas logo pensei: meu Deus, ela ficou um tempão na rua, podendo ter ido pra longe, ter se perdido ou até ter sido atropelada por algum carro! A Rubi tá com a gente a pouco tempo, uns 9 meses, mas ainda é filhote, apesar de ser grande. Celso a achou na rua, ela devia ter uns dois meses, no máximo, desnutrida e cheia de pulgas. É nosso xodó, junto com a Menah.
Acho que a sorte foi que o Celso sempre leva as duas pra passear na rua, em frente de casa, indo algumas vezes mais adiante, e ela aprendeu a conhecer o local, as pessoas, os cheiros. Até agora não sei como me distraí tanto, como não percebi que ela não estava por perto quando entrei e durante o tempo que ficou na rua. Só de pensar nas coisas ruins, chega dar um nó no estômago. Mas graças a Deus, está tudo bem. Preciso ter mais atenção com tudo ao meu redor. Preciso estar mais atenta. Foi um susto.