segunda-feira, 17 de julho de 2023

Sexualidade

O que você faz quando sua filha chega para você e diz: "mãe, eu me apaixonei por uma garota. Não era uma coisa que eu esperava porque nunca tinha sentido nada em relação a isso, mas de repente eu me apaixonei por uma garota."
Em dezembro do ano passado eu tive essa surpresa e confesso que num primeiro momento me senti atordoada. Nunca tinha visto nada, traço nenhum em meus dois filhos que pudessem levar, um dia, a essa realidade. Ela viajou para Pernambuco para conhecer a pessoa por quem, a princípio, se apaixonou pela internet. Não me disse nada sobre seus sentimentos porque, precavida, viu que tudo poderia ser só uma ilusão e, por que falar de uma coisa que poderia não ser? Mas foi. 
Lidar com essa nova realidade não foi exatamente fácil pra mim, mas também não foi tão complicado e nem demorado de aceitar. Porque eu amo muito os meus filhos e tudo o que eu quero nessa vida é que eles sejam felizes, se sintam confortáveis, estejam bem e se sintam leves. Assisti minha filha durante muitos anos ter crises de ansiedade, sem saber exatamente como agir. Uma impotência que maltrata demais. Você não pode muitas coisas. Momentos de angústias como esses, criam angústias infinitamente maiores. Sofre todo mundo que te ama. E pra quê tanto sofrimento, mais sofrimento?
Nesse mês de julho, enquanto eu estava em Brasília, na casa do meu filho, a minha nora veio passar uns dias em nossa casa. Eu já sabia, a Ingrid já tinha me falado. E tudo bem. Retornei dois dias depois que ela chegou. Conheci a minha nora. Gostei dela. Não senti nenhuma sensação estranha, nada de intuição ruim, e meu coração continua tranquilo. Tudo se encontra em harmonia. Isso me deixa muito feliz e tranquila. E me dá paz. Perfeição não existe. Mas amor, vontade que as coisas dêem certo, compreensão e respeito, têm de sobra. 

terça-feira, 4 de julho de 2023

Expectativa realizada com sucesso

Estou em casa! Graças a Deus, tudo deu certo dessa vez. Não sem mais emoções, porque não foi fácil. A princípio pareceu que eu não conseguiria o vôo novamente e voltaria pra casa angustiada.
Começamos o dia com o meu filho indo trabalhar bem cedo, iria fazer 24 horas de serviço, só retornando na manhã do dia seguinte. E eu teria que, sozinha, pegar um Uber para ir para o CAN tentar minha viagem de volta pra casa. Confesso que fiquei insegura, queria que meu filho me levasse. Não sou uma pessoa deslanchada e me sinto intimidada longe da minha zona de conforto. Mas tinha que ir, não podia perder a oportunidade. Precisava ir embora. E lá fui eu na hora combinada. O Léo chamou um Uber pra mim e me despedi de sua casa mais uma vez, não sem antes orar e pedir a proteção de Deus Pai sobre ele, e sobre cada cômodo do seu lar. 
No caminho fiquei sabendo que soltaria onde meu filho trabalha, no Cindacta, e que de lá ele me levaria até o aeroporto do CAN. E assim foi feito. Foi ótimo ter com meu filho naquele momento, mesmo que rápido, porque ele teve que voltar ao serviço. Nos despedimos e lá fiquei eu, junto de outras pessoas, aguardando mais uma vez a sorte de sermos chamados para aquele vôo. E foi tenso. Nem demorou muito e já ficamos sabendo que o vôo já tava cheio. Ou seja, que não iríamos nele, que não conseguimos de novo. Um avião com capacidade para 50 pessoas, mas que só autorizaram 35. Um desânimo frustrante tomou conta de mim... ter que voltar para casa do meu filho e ter que esperar novamente outra possível chamada sei lá quando... E eu precisava que voltar logo, ali já era o meu limite. Mais dois dias e minhas férias acabavam, eu tinha que retornar ao trabalho. E além disso, no mesmo dia era o aniversário da minha filha, que estava me esperando.
Como já estava lá mesmo, e assim como na tentativa anterior, resolvi que ficaria até que informassem o encerramento oficial das chamadas para aquele vôo. Fiquei literalmente a espera de um milagre. Eu e os outros, que também tentavam vir pro Rio. E assim, sei lá o que aconteceu, um sargento apareceu e começou a fazer mais chamadas. Fui o terceiro nome. Agradeci a Deus! Finalmente iria pra casa. Decolamos as 17h30 e aterrissamos as 19h. O vôo foi tranquilo e ainda demos carona pra Geovana, uma senhora que conheci e que também esperava ser chamada. Perguntou onde eu morava aqui no Rio e pediu carona, pois morava também pro lado de cá, em Cosmos. Tudo certo. 
Como é bom estar de volta! Minha casa, meu refúgio. Meu abrigo seguro. Obrigada, Deus!

domingo, 2 de julho de 2023

Expectativa 4

Nada é mar de rosas o tempo inteiro, mas tem momentos tão difíceis de entender e aceitar. E que doem. Por mais que eu me esforce pra minimizar os danos. Mesmo pensando que pode ser só um momento ruim. E que a pretensa intimidade faz isso com as pessoas. Descobri, ficando quase vinte dias com meu filho, na casa dele, só eu e ele, que não sei lidar com ele. A maioria do tempo foi muito bom, mas teve pelo menos dois momentos que me magoaram muito, mesmo eu tentando encontrar um outro olhar para aqueles infelizes instantes, justificar, talvez. 
Assim que cheguei, brinquei dizendo que no grupo de pagode, eles bebem muito enquanto tocam e usei o termo "encher a cara de cachaça". Ele se ofendeu de um jeito que me surpreendeu. Falei que foi só uma forma de falar, mas já era. 
Hoje, enquanto jogava vídeo game, gesticulava muito com o jogo (ele sempre faz isso), eu achei engraçado e resolvi filmar. Quando ele viu, não gostou. Eu disse que era pra mostrar pra ele como é que ele fica engraçado e usei o termo "meio doido". Sua reação mais uma vez me surpreendeu, e mesmo eu dizendo que era só pra eu mostrar como é engraçado ele jogando, não adiantou. Ficou indignado e foi onde ele disse: "talvez esteja mesmo na hora da senhora ir embora." E ainda trouxe de volta o "encher a cara de cachaça". Isso me magoou tanto. Sua capacidade de levar certos comentários meus ou atos para um lado ruim, me abalou, me deixou muito triste e me calou. Me fez querer ficar calada pra sempre. Vi que não sei lidar com ele, ou o que fazer ou dizer nessas horas. E agora eu quero ir embora pra minha casa, pro meu refúgio, meu porto seguro.
A vida dele é do seu jeito, na sua construção e nas suas convicções. Sei que fui só um instrumento para trazê-lo ao mundo e que depois do seu vôo solo, sua vida seria por sua conta. De qualquer forma, e independente de qualquer mágoa, eu sei que eu vou estar sempre por perto, ao seu lado, mas só por perto mesmo. A vida é dele.
Nessas horas eu queria tanto ter a sabedoria das mães sábias, pra dizer somente o suficiente e pra saber reagir melhor.
Um tempo antes dessa frase que me devastou, ele me informou que fui convocada, como reserva mais uma vez, para um vôo do CAN para amanhã, segunda. Na hora nem me empolguei tanto devido a tentativa anterior frustrada pelo brigadeiro. Mas agora, quero muito ir embora. Recuperar o meu eu. 
Amo muito, muito o meu filho. Sempre vou amar. Perdôo e sei que foi um momento ruim. Mas eu preciso voltar pra minha casa. Minha casa física e espiritual.