terça-feira, 18 de outubro de 2022

Hoje eu não tô boa

Hoje eu não tô boa. 
Tô irritada, cansada, estressada, vomitando incômodos com tudo o que vejo que não tá legal e me incomoda. Em relação ao meu trabalho, a minha casa, ao meu relacionamento com Celso, com minha filha, e até com as cachorras. Também com a casa da minha mãe, que meu irmão tomou conta, tentando melhorar com reformas, mas que não consegue deixá-la numa condição de bem estar e conforto pra nossa mãe. O básico que ela merece. Com ela própria, minha mãe, e suas condições precárias de saúde, de vida. Uma pessoa que não economizou nos seus interesses e nos dos outros, filhos, netos e outros, parentes ou não. E aí? Hoje ela está sozinha, ninguém faz uma visita mais demorada. Quando faz. Se faz. Três filhos que não se empenham em fazer o melhor pra ela... que é como deveria ser. Sim, eu me coloco nessa também, pois como filha, eu vejo tudo isso. Mas se eu tomar para mim o trabalho e a responsabilidade de fazer tudo que vejo que não tá legal pra ela, meus irmãos vão simplesmente me largar sozinha, aliviados de ter alguém pra cuidar de tudo, sem nem perguntar se preciso de ajuda, como fizeram nos três primeiros meses de pandemia do COVID, quando todo o mundo, com medo e pra cuidar de si e dos seus, se recolheu, se distanciou de todos o quanto pode. Mas eu fiquei indo e vindo pra cuidar dos meus pais e das coisas da casa deles. Nunca me perguntaram se eu precisava de ajuda. A coisa só piora. Não tenho deles um olhar de cuidado, de poupar trabalho, de nada. 
Sou mulher, e como tantas outras mulheres, tenho dupla jornada de trabalho. Além de trabalhar fora, também sou a "empregada doméstica" da minha casa, coisa que eles não entendem. Nem eles nem todo machista egoísta que esquece que serviço doméstico dá trabalho e cansa sim! E muito. E estressa, esgota, faz chorar muitas vezes. Sem contar dias de TPM, menstruação, doenças, dores. Nunca vão entender. E nem querem. Pra quê? É "muito mimimi", frescura. 
Hoje eu não tô boa.