sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Descarga de tensão

Ontem o dia foi bem difícil.
A história começou na segunda-feira de carnaval, à noite. Minha filha saiu com as amigas pra comer um hambúrguer e voltou pra casa com uma cachorrinha que encontrou na rua, muito magra e desnutrida. Achou que o problema seria só tratar a desnutrição. Não pensou que, por ser um cachorro de rua, poderia estar com mil outros problemas de saúde... Me enviou fotos dizendo que ia trazê-la pra casa, no que eu discordei por ver que ia ser complicado. Ainda mais porque temos bastante contas pra pagar da obra que iniciamos na sua casa e que ainda falta muita coisa pra fazer. Definitivamente esse não era o momento pra mais um gasto não planejado.
Quando a cachorrinha chegou eu fiquei olhando atônita pra situação, pois ela estava visivelmente debilitada, apática. E logo vi que esse cuidado teria um alto custo.
Resumo da ópera: a cachorrinha chegou na segunda-feira à noite resistiu por três dias e morreu ontem, quinta-feira. Não sem antes gastarmos o que não podíamos, pois a levamos ao veterinário, onde foram feitos exames e tivemos que comprar remédios. Remédios nem tão baratos e que foram usados apenas por dois dias. Os resultados dos exames chegaram logo depois que ela morreu.. confesso que eu tava torcendo pra que ela se recuperasse, mas a situação estava realmente muito difícil e mesmo com as medicações, ela começou a piorar... enfim, o fato é que eu queria muito que ela tivesse resistido. E cada centavo gasto, teria sido com muita satisfação. No fim, conseguimos levar seu corpinho ao Centro de Zoonoses aqui da região e deixar lá para que fosse cremado. E esse foi um episódio em nossas vidas que aconteceu tão de repente e de forma tão rápida, trazendo desgastes e gastos, numa grande descarga de tensão, que me deixou pensando no porquê de ter acontecido assim. O que isso nos ensinou, o que isso nos mostrou. O que isso nos trouxe. Talvez nada. Talvez muito. Aquele serzinho teve amor e cuidado em seus últimos dias. Afeto que possivelmente não devia ter tido. Que São Francisco de Assis possa estar acarinhando-a nesse momento. Demos a ela o nome de Madalena. Agora descanse, Mada.