terça-feira, 14 de março de 2023

Prioridades

Algumas coisas têm me deixado muito triste, mas uma, especificamente essa semana, me deixou ainda mais triste e chocada. E cada vez que eu penso nisso, volta a tristeza.
Meu irmão caçula, Lelek, mora na casa dos meus pais desde que se separou, já faz uns 13 anos. De lá para cá viveu na aba deles. Nunca pagou uma conta pra ajudar, nunca fez compras, nunca se mexeu nesse sentido. Meu pai faleceu faz pouco mais de um ano, depois de praticamente quase doze anos acamado devido um AVC. E ele se mantém agora na aba da minha mãe, que agora também está doente e precisa de cuidados. Nós, seus filhos, fazemos o que podemos, só que, ao meu olhar, só fazemos o necessário, poderíamos fazer mais. A minha mãe trabalhou pra gente, nos ajudou em muita coisa. Principalmente na construção das nossas casas. E continuou nos dando assistência financeira, mesmo a gente tendo nosso trabalho, nosso salário, nossas vidas. Fez até não poder mais. 
Meu irmão que mora na casa dela, protagonizou uma cena lamentável essa semana. A história foi a seguinte: nosso outro irmão, o do meio, Giovane, é quem cuida das finanças dela, paga as contas com os ganhos de sua aposentadoria, da pensão do meu pai e das casas alugadas da minha mãe. Lelek, desde que voltou a morar na casa dos nossos pais, como eu disse, não tem custo algum com nada que não seja ele próprio. Tudo é na conta da minha mãe. Então, o gás de cozinha acabou e Giovane, que tem o dinheiro da nossa mãe nas mãos, se recusou a comprar o botijão dizendo que quem tinha que comprar era ele, porque tem usado bastante o fogão. Com a nova namorada que ele leva para lá, eles têm cozinhado bastante e nada mais justo que ele comprasse com o dinheiro dele. Só comem, bebem e dormem. E passeiam. Vida boa, né? Aí não prestou. Rolou uma desavença, onde ele disse que Giovane, que tem o dinheiro de mãe, é quem tinha que comprar tudo que envolve a casa dela (onde ele mora há 13 anos!), que o dinheiro dava suficiente pra tudo, que ele não tinha dinheiro e que também não ia comprar quentinha, pois havia comprado no dia anterior por ter acabado o gás. Giovane disse que não iria comprar porque não era justo já que ele vivia lá e não paga e nem nunca pagou uma conta da casa. 
Olha, foi o ó! Eu fiquei no meio dessa merda toda porque me colocaram de ponte. Mas eu dei um basta e disse que eles se resolvessem, só não esquecendo que tinha nossa mãe no meio disso tudo e que ela era prioridade. Larguei pra lá! Mas fiquei mal, muito mal. E até agora quando lembro, ainda fico mal. Quando eu disse a ele que não era nada de vez em quando ele comprar alguma coisa pra casa que ele morava, ele falou que sendo assim, sairia de lá. Isso me detonou por dentro, então disse que isso lhe custaria muito mais caro do que comprar um botijão de gás. 
Quero pensar que as palavras ditas foram da boca pra fora, num momento de raiva, irritação de ânimos, até porque, um pouco depois, Giovane me informou que ele comprou o gás. E aí eu pergunto: pra quê tudo isso? Onde fica nossa mãe?Porque dinheiro pra cerveja, passeios, churrasco, festas, carro, perfumes caros, presente para outros, ele tem. Mas pra comprar o gás, pagar uma conta de luz... Isso me dói muito, pela nossa mãe. Isso vai quebrando tudo por dentro, numa decepção ruim demais.