quarta-feira, 3 de junho de 2020

74 dias

74 dias. Acho que desde que me casei e saí da casa dos meus pais eu não ia e ficava lá por tantos dias consecutivos. Acho que nem quando meus filhos eram pequenos e era confortável pra mim ficar lá.. Esse isolamento social ao qual fomos obrigados a nos colocar devido a pandemia do novo coronavírus, a idade avançada dos meus pais e suas nessidades de cuidados diários, fez com que eu não tivesse outra alternativa senão, e por cuidados de contágio, afastar dona Marinete, que os auxilia com os afazeres da casa e ir cuidar deles, pelo menos em parte. Eu fui retirada da minha zona de conforto de repente. E isso mexeu muito comigo. No início foi muito difícil, foi duro. Foi necessário o dia a dia passando paulatinamente, pra eu me adaptar a nova realidade. 
Melhorou bastante. Mas tenho o meu jeito de ser e de ver as coisas (e vi, ou acho que vi, muita coisa errada) e de querer. Mas as pessoas são diferentes, com vidas diferentes, impressões e sentimentos diferentes. Eu sou diferente. Sou um tanto desligada, quieta, introspectiva... e nada prática... e cheia de manias. Eu juro, queria ser zen. Ter um olhar tranquilo sobre tudo. Não me incomodar com o que vejo e não me agrada, com as discordâncias, teimosias... Mas eu não sou zen. E como me importo demais com tudo, fico inquieta, incomodada, antecipando problemas que talvez nem venha existir. 
É que tenho muito medo da minha mãe cair, se machucar, sofrer e nos fazer sofrer também. Eu não sei o que fazer se isso acontecer. Mas eu não tenho o controle de tudo. Eu não tenho e preciso entender que apesar do que posso fazer pra tentar ajudar, tudo está nas mãos de Deus. Deus é quem controla nossas vidas. Então, eu tenho que entender que Deus vai nos proteger. Porque conhece nossos limites e não nos dá peso maior do que podemos suportar.