segunda-feira, 20 de julho de 2020

Um mês

Hoje faz um mês que o Celso foi embora. Foi passar uns tempos com a sobrinha, em Natal. Precisou se afastar de mim, da nossa casa e das nossas coisas, porque nossa vida estava fora do eixo. Já não vinha fácil há bom tempo, mas acho que esse isolamento social ao qual essa pandemia da covid-19 nos obrigou a viver, fez piorar um pouco mais nossa relação. Eu não o culpo e acho que ele fez o que devia ser feito, se afastou do problema para ver se conseguimos enxergar onde falhamos como casal. Ele lá e eu aqui. Confesso que os primeiros dias longe foram muito difíceis pra mim. Mas foi o melhor a ser feito. Pouco nos falamos nesse tempo afastados, e eu não faço a menor ideia de como é que vai ser quando ele voltar. Aliás, eu nem sei se ele volta a morar comigo, porque antes de viajar havia dito que estava pensando em voltar para sua casa, que está vazia desde que seus pais faleceram. E que talvez, seu filho vá morar junto com ele. Se isso acontecer, acredito que realmente eu não tenha chance porque tudo que ele quer é estar mais perto do filho, pois se sente culpado por coisas que acha que não fez com ele e para ele. Talvez possa parecer estranha essa situação, uma vez que o filho, hoje, tenha quase 30 anos de idade. Mas talvez isso também possa ser a chance de resgate que ele tanto precisa com esse filho que tanto ama e que tanto acha que errou. E eu digo que acho, porque sempre observei, de longe e perto, tudo o que se passou desde que menino tinha 8 anos, mas nunca me envolvi muito. Eu não acho que ele tenha falhado tanto assim com o filho, pelo contrário, sempre foi tão amoroso e preocupado. Acho que o filho dele é que não merece todo o sofrimento que ele sente até hoje pelo que acha que deixou de fazer. 
Bem, pelo que disse, tem aí mais uns 15 dias até retornar. E aí vamos ver o que vai ser, o que vamos conversar, como vamos nos sentir, e o que vamos decidir. No momento eu me sinto meio entorpecida. Ao mesmo tempo que sinto sua falta, parece que já tô me acostumando a não tê-lo tão por perto como antes. Isso me preocupa e me faz pensar que talvez nada mude muito se ele continuar aqui.  
Mas digo uma coisa: é muito ruim dormir sozinha.