domingo, 20 de dezembro de 2020

Tempo, seja meu amigo

Quando eu conheci Celso, eu não tava carente. Eu não me envolvi com ele por causa de carência, eu gostei dele. Ele chamou minha atenção, mexeu comigo e eu me apaixonei rapidamente. Me encantei pelo jeito descolado, diferente, jovial, pelo seu olhar profundo. Ali eu me ferrei. Se eu soubesse, se tivesse ao menos uma pequena idéia do problema que eu ia arranjar pra minha vida nos próximos 20 anos, talvez eu tivesse me afastado dele. Mas como a gente não prevê futuro, eu me envolvi. Eu me envolvi e muito. Eu amei muito nos últimos 20 anos. É claro que nem tudo foram flores todo o tempo. Tivemos vários perrengues. Foram muitos aborrecimentos, chorei muito. Foram muitos desencontros, muita incompreensão, muita falta de atenção. Muitas vezes me senti sem nenhuma importância na nossa relação. Mas segui insistindo.
E agora, parece que acabou. Pelo jeito tinha que ser assim. Devia estar escrito, mas eu não li. Muita coisa não me foi favorável. Eu não enxerguei os sinais. Ou enxerguei, mas não quis ver. 
Não sei nada do futuro, nem vou saber. E apesar de tudo, isso é bom. A vida é mesmo uma caixinha de surpresas, às vezes boas, às vezes não tão boas assim... Eu agora vou ter que me refazer, me reconstruir, me organizar e aprender a viver comigo mesma, coisa que eu nunca fiz nesses meus quase 52 anos de vida. Viver pra mim e por mim. Porque eu vivi pra todo mundo, menos para mim. Confesso que não tá sendo fácil, e que nem sei por onde começar, mas eu vou conseguir. Eu vou. Quero ter a paz e a alegria que todo mundo merece ter, e sentir o sossego de uma vida tranquila. Que eu possa me sentir satisfeita comigo mesma. E como já pedi antes, repito meu pedido ao tempo. Que ele seja meu melhor amigo, porque eu vou precisar muito da sua amizade, muito.