sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Amores

De repente é um pouco cedo para eu falar sobre isso, mas o fato é que de certa forma, eu sinto um pouco de alívio diante das circunstâncias.
Há pouco mais de um ano minha filha conheceu um rapaz, do nordeste, pela internet e logo se apaixonou. Nunca se viram nem por chamada de vídeo, que hoje em dia é tão fácil fazer. Ela sempre me disse que era porque ele não queria. Eu nunca entendi, e nem ela. Mas, apaixonada, foi aceitando. Eu evitava falar sobre esse relacionamento porque, sendo fora dos padrões, criava dúvidas e desconfianças. Como não? Mas, ela estava feliz, cheia de ilusões, era algo que lhe fazia bem, ajudava com os seus medos e ansiedades. Ingrid sempre teve essas questões, infelizmente. E eu, confesso, nunca soube como agir direito.
Bem, hoje ela me disse que ele terminou com ela. Eu até ouvi, o que me pareceu uma discussão pelo telefone, não entendi muito bem o que estava se passando, mas dava para perceber que era um desentendimento. Mas outros já haviam acontecido antes, então não dei muita atenção. Ela tinha um compromisso pra hoje e não foi. Então percebi que o que estava acontecendo era algo difícil para ela. Fiquei no meu canto, aguardando. Quando me falou, não quis conversar, estava chorosa e foi pra casa de uma amiga.
Como eu disse no início, diante das circunstâncias senti sim, um certo alívio. Não que eu não acredite em relacionamentos onde as pessoas que se conhecem pela internet não possam ficar juntas e dar certo. Não é isso. mas sabemos que é delicado, diferente, tênue. As chances de darem errado, de não "vingar", são maiores do que de darem certo. E ela começou a dizer que ia embora, que iria morar em Pernambuco, e com tanta certeza, que eu comecei a ficar assustada e preocupada porque minha filha não tem experiências de vida, não conhece nada, não é sagaz, pelo contrário, é sensível e cheia de medos. Mas se eu fosse falar sobre isso, é claro, não dava certo. Ela estava sendo levada pela paixão, determinada a fazer o que tinha decidido. Tão determinada que rebatia todas minhas tentativas de argumento contrário. Tão certa do que queria que eu, de certa forma, comecei o processo de lavar as mãos. Uma mulher de 27 anos, ainda que sem grandes experiências de vida, como que eu iria prendê-la, impedindo-a de ir? Ainda mais estando tão decidida? Era taxativa!
Nos últimos dias comecei a ficar mais tensa com isso tudo, e comecei a orar a Deus, pedindo ao Senhor que conduzisse essa situação tão delicada pra mim, que me ajudasse a lidar com isso da melhor forma, que amparasse a minha menina. Que se tivesse que ser, se fosse algo bom, para a sua felicidade, então que assim fosse. Mas que se, de alguma forma, fosse trazer sofrimentos, então que afastasse da vida dela, das nossas vidas. 
Hoje ela me disse que ele terminou com ela. E eu eu senti alívio sim, porque acho tudo muito confuso, instável, complexo e inseguro. Quero minha filha sã e feliz. E ela merece ser muito feliz! Minha menina. Vai difícil por um tempo, mas vai passar. Novas coisas virão. Muito boas, virão.
Espero que realmente essa preocupação tenha acabado. E que Jesus continue ouvindo nossas preces e cuida do de nós!