sábado, 3 de abril de 2021

Tradições religiosas

Ontem, Sexta-feira Santa, 2 de abril de 2021. Eu fui criada nas tradições católicas mesmo que a minha família não fosse praticante dessa religião. Quando pequena eu lembro da minha avó, que era metodista, conduzir os netos para sua igreja. A gente não entendia nada, então a gente simplesmente ia. Infelizmente, nenhum de nós seguiu sua religião, sua igreja. Eu acabei seguindo a igreja católica por querer fazer primeira comunhão e crisma, mesmo sem entender. Na época, eu assisti a uma celebração dessas, achei bacana e decidi que queria também. Então com meus 10, 11 anos, passei a ir as missas, sozinha, iniciando logo depois, o catecismo. 
Na minha família, nunca teve ninguém fanático nesse âmbito, então foi tranquilo deixar de acompanhar minha vó na sua igreja e ir pra igreja católica. Até hoje lembro da minha avó dizendo: "Não tem problema, o importante é ter uma religião." Sábia vovó Dodinha.
Fiz minha primeira comunhão. Logo depois me afastei um tempinho, voltando novamente a ir na igreja da minha avó, mas de forma bem facultativa. Depois voltei pra igreja católica pra fazer o crisma. Tinha 15 anos nessa época (idade inicial para ser crismado). A partir daí vivi intensamente o catolicismo. Me engajei de verdade. Participei do grupo jovem, do grupo de oração e de sua equipe de música, das missas da manhã e da noite, do coral, das festas dos santos, de chás, almoços e jantares beneficentes, dos eventos da igreja em geral, de segunda a segunda. Isso durou cerca de 4 anos. Rápido, né? Mas foi bem intenso. Lembro do meu pai me chamando de carola... Bem, o fato é que eu me aborreci, me decepcionei com algumas coisas e pessoas e acabei me afastando. De lá pra cá, eu nunca mais retornei à tudo aquilo que tinha vivido com tanta intensidade, e que nunca esqueci. Ainda que eu tenha sentido, ao longo desses anos todos, vontade de voltar, isso não aconteceu. Fiz alguns ensaios, breves tentativas, mas não me senti acolhida. Era tudo muito estranho. Rever muitas daquelas pessoas da minha época, que convivíamos tão juntos, anos depois, era como se tudo o que tínhamos vivido anos atrás não tivesse acontecido. A indiferença que eu senti das pessoas não me deixou tornar próxima novamente. 
Eu creio em Deus. Muito dos ensinamentos católicos ficaram marcados em mim e ajudaram no desenvolvimento da minha personalidade. Mas hoje eu não me sinto exatamente católica porque não participo das missas, porque não sou praticante, mas tenho comigo a formação católica, minha iniciação. Foi a que eu conheci, que vivi, vi, ouvi e aprendi. Eu nunca fui de nenhuma outra religião, mas hoje simpatizo muito com o espiritismo kardecista. Não tenho nada desse conhecimento, são muito poucas coisas que li e ouvi, mas o suficiente para me fazer sentir atraída. Gosto da idéia de um lugar após a morte, da idéia da reencarnação, dos espíritos de luz que oram por nós e nos amparam. 
Bem, eu comecei tudo isso porque na sexta-feira santa, há todo um ritual da igreja católica por conta da semana santa, que é muito importante para os católicos. Jesus morre, ressuscita e ascende aos céus. E isso tem uma simbologia mágica, suprema. Ele deixa o seu legado de amor. Ele é o próprio amor. E eu acredito nisso. Acho que é a força disso tudo nos move. Precisamos amar mais, amar sempre.