domingo, 11 de julho de 2021

Um grande embrulho

Os domingos têm sido dias bem difíceis para mim nos últimos tempos. 
Domingo é um dia de preguiça e a gente quer ficar jogado, sem compromisso, assistindo qualquer porcaria na TV ou navegando na internet pelo celular. Se for o caso, jogando conversa fora com quem aparecer ou simplesmente não fazendo nada. No verão, nos dias brabos de calor, qualquer movimento é um sofrimento, e nos dias de frio você quer ficar aconchegado, agasalhado, bem quentinho dentro de casa, com sua melhor roupa de mendigo, também sem compromisso de nada.
Mas nos últimos tempos, os meus domingos não têm sido mais meus. Não inteiramente. Não com a preguiça que quero sentir ou com a vontade de não fazer nada nem para mim, nem para ninguém. 
Há quase dois anos que eu tenho o compromisso de ter que ir religiosamente a casa dos meus pais para cuidar das coisas que eles  já não conseguem mais fazer. Meu pai é acamado já faz 11 anos. Minha mãe, há quase dois, perdeu sua autonomia e vitalidade depois de um tombo que fraturou o pulso. Após internação pra cirurgia, ficou evidente um desequilíbrio no seu caminhar, e não teve mais condições de continuar trabalhando como vendedora ambulante, sua profissão há mais de 35 anos. Deve ter sido difícil pra ela. A mente diz pra gente que dá pra continuar, e o corpo mostra o contrário. E assim, devido às suas condições físicas, infelizmente teve que parar. 
Por conta disso, e eu sendo a única filha mulher, acabei ficando sobrecarregada com coisas que os outros 2 filhos poderiam fazer igual, mas que não fazem. Todos fazemos alguma coisa, mas sempre um mais que o outro. E o "geral" (marcar médico, exames, fazer supermercado, farmácia, açougue, hortifruti, roupas, entre outros) ficou pra mim. Como sou mais preocupada, me sobrecarrego ainda mais. São quase dois anos assim, e eu ainda não sei lidar com tudo de forma menos pesada. Tenho sentido muito e fico esgotada. Me sinto só com tudo o que sinto. 
Meu casamento acabou. Sei que já estava meio mal das pernas, mas foi o empurrão que faltava pra cair de vez. Sofri muito. Eu tava mais frágil que nunca. 2020 foi um ano horrível pra mim em muitos sentidos. Tive crises de ansiedade. Melhorei sozinha. E até hoje não sei se foi bom ou ruim ele ter ido embora. A coisa ainda tá mal arrumada em mim. E esse grande embrulho da minha vida tá me desestruturando. E só eu sei.