domingo, 2 de junho de 2013

Conjecturas

Celso foi pra Natal - RN porque precisávamos de dinheiro. Desde o final do ano passado, quando ele decidiu parar de trabalhar com estampas em camisas, atividade que exercia desde o início do nosso relacionamento e que sempre fora incerto. Ora rendia uma boa grana, ora ficávamos um bom tempo sem dinheiro suficiente pra nos manter. E isso foi fazendo com que eu entrasse, aos poucos, no vermelho do banco. Que é como estou até agora.
Seu primo, que é encarregado numa firma que presta serviços pra Petrobras, o chamou, pois sabia de sua situação difícil. Aliás, nossa situação, há alguns meses tem sido bastante difícil. Eu não sei até onde ele entende isso. Mas sei que compreende. Digo que não sei porque como sou eu quem paga as contas, fica difícil pra quem não lida com isso sentir o verdadeiro drama da situação.
Confesso que excedi um pouco nos gastos com coisas que não precisávamos nesse período, como livros, pizzas eventuais, e, depois que ele se foi, celulares (quis aproveitar uma promoção), entre outras coisinhas.
Mas é tão difícil viver sem poder comprar o que se quer, principalmente quando se trabalha pra isso. Eu trabalho há tantos anos... Há muito tempo me forço a comprar coisas que quero (mas que poderia passar sem), tentando controlar o incontrolável devido nossa situação financeira precária, porque, caso contrário, não compro nada. Não poderia. Estamos sempre com dificuldades pra pagar nossas contas fixas, que dirá pelo prazer em adquirir o que se quer, pela vontade disso ou daquilo. E que atirem a primeira pedra quem nunca sentiu ou sente o mesmo desejo. Faz parte. É pra isso que trabalhamos.
Minha esperança é de que a gente consiga resolver nossa vida financeira para, quem sabe, podermos curtir um pouco mais a vida juntos. A gente merece. Eu mereço.