quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Dor de amar

A vida é mesmo muito irônica. Essa pandemia me colocou em casa, sem trabalhar já faz cinco meses e como eu já não sou de muitos amigos e nem gostar de sair muito, estou totalmente em casa. Sair, só para fazer compras do essencial e só mesmo.
Estou passando por uma situação muito ruim, uma situação de vida que eu causei para mim - disso eu tenho consciência - e que começou há 20 anos. 
Ao longo desse tempo eu cheguei num momento em que eu achei que nunca mais fosse sentir o que eu estou sentindo de novo. Dor de amar. Aquela dor que aperta, que você sente torcer o coração, que dói até respirar, onde os sentimentos e emoções parecem ficar flutuando entre o teu peito e a garganta, que causa um embrulho no estômago como se ele também estivesse sendo torcido e que faz vir lágrimas ardidas aos olhos mesmo que você não queira, porque você sabe que não devia permitir sentir tudo de novo. 
E pra piorar, agora com mais contundência, ter que ficar em casa querendo ou não, sem nenhuma rota de fuga. Ter que passar por isso sozinha, sem ter pra onde ir. 
Eu estou tentando me fazer forte ainda que por dentro eu esteja me sentindo muito fraca, estou tentando controlar minha respiração aflitiva, mas estou com medo de desmoronar a qualquer momento.