sábado, 10 de janeiro de 2009

17/12/2007, segunda

Primeiro porre

Ai ai ai... Lembro do meu primeiro porre... Acho que eu tinha uns 14 anos de idade. Foi em casa, em família, num almoço comum de semana, onde meu pai me deixou beber vinho... Caramba... foi horrível! Que mico! Na hora foi divertido, eu fazendo graça e tudo o mais, a cabeça zonza... Mas depois, com minha própria mãe zoando de mim, não foi nada legal. Morri de vergonha! Estou falando isso porque acabei de viver mais uma nova experiência do tipo. Meu filho, que está a pouco mais de um mês de completar seus 15 anos, chegou em casa ha mais ou menos uma hora atras completamente de porre. Eu estava aqui no computador, lendo alguns emails, e ouvi um barulho. Quando me voltei para ver o que era, me surpreendi. Ele estava ensopado de suor, sujo, e com aquele olhar pesado de quem bebe muito. Caiu pesadamente no sofá dizendo que estava com sono. Não preciso nem dizer que tomei um susto daqueles! Dei um pulo da cadeira e tentando levantá-lo, perguntava o que havia acontecido. Mas nem precisava, eu estava vendo. Arrastando-o para o banheiro, coloquei-o no box com alguma dificuldade e abri a torneira na água fria. Ele tem vergonha de ficar sem roupa na minha frente e, engraçado que, mesmo bêbado, não deixou que eu o visse nu... Dizia: "Sai que eu vou tomar banho sozinho, mãe!" Mas não tinha condição. Se eu o deixasse ele com certeza cairia. E tombos em banheiros são perigosos. Puxei a cortina do box e fiquei segurando-o pelo lado de fora do jeito que podia. Então, como não podia deixar de ser, chamou o "raul"... nossa, vinho puro! Nada sólido, só líquido. Esse foi o saldo de uma tarde/noite de micareta com bebida liberada num clube próximo de casa onde ele fora com os amigos, primos e a irmã. Aliás, veio embora sem nem avisar ao grupo (Depois liguei pra dizer que ele já estava em casa...). Tudo pronto, coloquei ele na cama onde apagou instantaneamente... Todo mundo vive sua primeira vez em tudo. Confesso que não tinha pensado sobre como seria esse momento na minha vida em relaçõa aos meus filhos. Não sei se a gente se prepara pra esse tipo de coisa, mas depois da surpresa e passado o susto, não há como negar a preocupação que fica, porque sei que outros porres virão. Sou muito aberta e franca com os dois, mas sou mãe, sou mulher, e existem coisas que não adianta simplesmente falar. Tem que se viver. A orientação sempre é válida, mas nesses momentos me sinto perdida. Nessas horas é que penso como uma conversa entre pai e filho seria providencial. Não para castigar ou recriminar simplesmente, mas para o apoio e confiança necessários que firmam amizade, compromisso, responsabilidade, certeza de que nunca se esta sozinho. Tem coisas que são peculiarmente masculinas e que por mais que eu tente jamais conseguirei atingir o ponto certo. Coisas que certamente estreitaria mais a relação pai-filho. Sou 'pãe' (pai e mãe) deles desde que me separei há dez anos. Na época, o Leo tinha 4 anos e a Ingrid 3. Depois da separação, o pai sempre morou próximo. No início, com mágoas de mim, preferiu ficar afastado. Depois se reaproximou. E depois se afastou de novo. Por fim, casou outra vez, o que fez com que se voltasse para sua nova família que agora tem um novo bebê. É claro que os nossos filhos sentem e percebem esse afastamento. Não são de se queixar, mas eu particularmente, sinto muito a falta da participação do pai na vida deles. Por que sempre acontece assim? Por que os pais quando formam novas famílias, normalmente se afastam dos primeiros filhos? Isso me entristece muito. E faz-me sentir muito só na criação deles. E não precisava ser assim. Afinal, filhos são para sempre.